A fratura do tálus é uma lesão rara, mas grave, que afeta um dos ossos mais importantes do tornozelo e do pé. Por estar intimamente envolvido com o movimento e o suporte do peso corporal, uma fratura no tálus pode ter um impacto significativo na mobilidade e na qualidade de vida do paciente.

Anatomia do Tálus

O tálus é o segundo maior osso do pé e está localizado na articulação do tornozelo, conectando a perna ao pé. Ele desempenha um papel vital na distribuição de forças durante a caminhada, corrida e outras atividades, sendo essencial para a estabilidade do tornozelo.

Causas e Mecanismos da Fratura do Tálus

As fraturas do tálus geralmente ocorrem devido a traumas de alta energia, como:

  • Acidentes automobilísticos.
  • Quedas de grande altura.
  • Lesões esportivas de alto impacto.

Devido às forças envolvidas, essas fraturas frequentemente estão associadas a outras lesões nos membros inferiores.

Classificação das Fraturas do Tálus

As fraturas do tálus podem ser classificadas com base na sua localização:

  1. Fratura do colo do tálus: a mais comum, frequentemente associada a desvios articulares.
  2. Fratura do corpo do tálus: pode causar danos significativos à articulação do tornozelo.
  3. Fratura do processo lateral ou posterior: geralmente resulta de entorses graves ou movimentos extremos do tornozelo.

Sintomas

Os sintomas mais comuns incluem:

  • Dor intensa no tornozelo ou no pé.
  • Inchaço e hematomas.
  • Incapacidade de suportar peso no pé afetado.
  • Deformidade visível (em casos graves).

Diagnóstico

O diagnóstico da fratura do tálus envolve:

  • Histórico clínico e exame físico: para avaliar os sintomas e identificar sinais de lesão.
  • Radiografias: usadas para visualizar a fratura e determinar sua gravidade.
  • Tomografia computadorizada (TC): fornece imagens mais detalhadas, úteis para planejamento cirúrgico.
  • Ressonância magnética (RM): pode ser indicada para avaliar lesões nos tecidos moles ou na cartilagem.

Tratamento

O tratamento depende da gravidade da fratura:

  1. Conservador: indicado para fraturas não desviadas ou estáveis. Inclui:
    • Imobilização com gesso ou bota ortopédica.
    • Restrição de peso no membro afetado por até 6 semanas.
  2. Cirúrgico: necessário para fraturas desviadas ou instáveis. Os procedimentos incluem:
    • Redução aberta com fixação interna (RAFI): reposicionamento dos fragmentos ósseos e fixação com parafusos ou placas.
    • Reconstrução articular, quando há danos extensos.

Complicações Potenciais

As fraturas do tálus apresentam risco elevado de complicações, incluindo:

  • Necrose avascular: interrupção do fluxo sanguíneo para o tálus, levando à morte do tecido ósseo.
  • Artrite pós-traumática: devido a danos à cartilagem articular.
  • Deformação ou encurtamento do pé.

Reabilitação e Recuperação

A recuperação após uma fratura do tálus pode ser longa e exige dedicação. Os principais passos incluem:

  • Fisioterapia: para restaurar a mobilidade, a força muscular e a estabilidade do tornozelo.
  • Uso progressivo do peso corporal: com orientação médica, para evitar sobrecarga precoce.
  • Monitoramento regular: com exames de imagem para garantir a cicatrização adequada.

Prognóstico

O prognóstico varia conforme a gravidade da fratura e a presença de complicações. Fraturas tratadas precocemente, com bom alinhamento ósseo, tendem a apresentar melhores resultados funcionais.

Bibliografia

Heckman, J. D., & McKee, M. (2017). “Fractures of the Talus.” Journal of Orthopaedic Trauma.

Sanders, D. W. (2020). “Current Concepts in Talus Fractures.” Orthopedic Clinics of North America.

Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO). “Lesões do Tornozelo e Pé.” Disponível em: [https://www.into.saude.gov.br/ ]

American Academy of Orthopaedic Surgeons (AAOS). “Talus Fractures.” Disponível em: [https://www.aaos.org/ ]

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